sexta-feira, 29 de outubro de 2010

29º Bienal de SP - conquistou mais uma fã.


Vamos lá! Sumi alguns dias, porém, por bons motivos. Um deles me deu o prazer de ir até a 1º Bienal de Arte em São Paulo.

Há anos não ia à uma grande exposição de arte. As últimas que me lembro foram em Londres, do Salvador Dali, as margens do Tamisa, ou em Amsterdam, no Museu Van Gogh. Foi ali que adquiri o gosto por observar, ainda que de forma leiga, a arte.

Estamos com uma bela oportunidade de ver variados tipos de arte em São Paulo, no parque do Ibirapuera, e o melhor de tudo: grátis, até o dia 20 pouco de dezembro. (vejam aqui a programação www.29bienal.org.br).

Logo de início me deparo com uma frase que sempre me trará à memória Suene, uma grande amiga que fiz em Campinas - Há sempre um copo de mar para um homem navegar, do poeta Jorge de Lima, em sua obra Invenção de Orfeu.

Em seguida, há uma breve explicação da intenção da Bienal: a arte e sua mistura com a política, o que, na minha opinião, deixa tudo mais interessante.

Com três andares e mais um pavilhão que não consegui ver, a bienal é recheada com obras de vários artistas latinos americanos e alguns europeus, indianos, american dreamers, japas e todo restante. São três andares e vários terreiros com nomes sugestivos: Dito, não dito, interdito; O outro, o mesmo; Longe daqui, aqui mesmo; Eu sou a rua; Lembrança e esquecimento e A pele do invisível. Demais, né?

Não peguei a época dos urubus, mas outras cenas ficaram marcadas – logo no primeiro piso há uma estrutura feita com jornais, um anarquismo muito bem organizado. Me chamou atenção um logo escrito OFF, sendo que o O era o símbolo da UNICEF ( United Nations Children's Fund). Não quero questionar a credibilidade do órgão, mas a crítica fez sentido.

Achei um pouco pobrinha a intenção do “Longe Daqui, Aqui Mesmo”. Uma construção de alguns cômodos, sem pintura, com paredes cheias de prints da Yoko Ono (Uberchata), algumas lombadas de livros famosos, grafias com a frase “Seja marginal, seja herói", do Hélio Oiticica (ai, que anos 70, senhoooor). Um mais do mesmo que faz a galera de arte ouvir que eles são uns chatos engajados

Mas a coisa melhora, e muito, no ao redor. O lugar, além de muita arte pra se ver, tem arte pra tocar, ouvir, sentir. São cavernas para se perder, pedaços de tecidos que formam um labirinto colorido, um lindo círculo com pecinhas de metal estranhamente firmes, sob linhas, atraídas por uma grande superfície de imã. E vídeos, muitos vídeos. Gostei de um sobre um casal de peças circulares, como aquelas onde ficam as correntes das bikes, sabe? A história me remete à trama Travessuras de uma Menina Má...

E o jornal Rex Time, de 1966!!! Como é bom ler autores irônicos e irreverentes. Aquilo é uma aula pra quem está afim de ter comentários ácidos e bem humorados.

Passa-se por muita coisa até chegar ao 3º piso, estampado por grandes murais que retratam o desejo de muita gente neste mundo: matar um grande líder político. O cidadão retratado (o próprio artista Gil Vicente) em todas ilustrações é um cara comum, com aparência de pai de família, trabalhador, classe média. E ele está ali, cansado, farto da ignorância política, e com um arma apontada para o Lula, pro FHC, pro Ahmadinejad, Obama... nem o Mandela escapou.

Também há uma série de vídeos e fotos de guerras, essas guerras inúteis como invasão do Iraque, a caça ao Bin Laden, alguns conflitos entre traficantes e polícia. Difícil, mas mesmo com isso estampado na nossa cara, tudo parece normal. Estaremos vacinados contra o choque que esse tipo de imagem causa? É provável que sim.

Porém, nada me fez ficar tão emocionada quanto a pequena orquestra Escola de Música do Auditório Ibirapuera, que entrecortava todo espaço da Bienal, tocando Bolero, de Ravel. As pessoas seguiam o som, achavam os músicos, e de repente, no meio da caminhada, eles sumiam! E eu, como os 30 que estavam ali, ficamos procurando a orquestra, e pá!, eles apareceram de novo, do outro lado.

Não terminei de ver toda mostra, e retornarei em breve. Quem vai também? Quem foi, conte pra gente o que achou!

PS: anônimo, cumpri o que disse! =)

Aliás, uma reclamação: seguranças e guias PRECISAM entrar num acordo quanto a contemplação das obras. Se você chega perto muito perto de uma obra ou chega a tocá-la, os seguranças gritam com você, dizendo que não se deve por a mão. Daí você passa no mesmo lugar, minutos depois, quando tem um guia, e eles te liberam pra tocar as obras à vontade.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Músicas para correr, malhar, se acabar e ficar delícia!

Quem pratica sabe: fazer exercício com música é mais agradável. E não só isso: ela age como um motivador, anima e pode auxiliar nos compassos da corrida. Lá na Inglaterra, o psicólogo do esporte Costas Karageorghis, que é ligado à Universidade Brunel, comprovou – através de uma pesquisa que dura pra lá de 20 anos – que a música contribui com o esporte. Ela traz ritmo e em algumas vezes rolam até mensagens associativas que motivam.

Bom, de acordo com as informações deste psicólogo, as respostas rítmicas estão ligadas às batidas por minuto (BPM) da música e têm a ver com a cadência cardíaca do esportista. Por isso é legal você escolher músicas que tenham um ritmo que se alinhe com seus passos. Numa corrida isso é muito importante.

Segue um trecho de uma matéria sobre este assunto, divulgada no Portal UOL- Ciência e Saúde: “No estudo mais recente de Karageorghis, publicado no periódico Journal of Sport and Exercise Psychology, 30 indivíduos sincronizaram suas passadas a uma música que tinha um ritmo a 125 BPM, com possibilidade de escolhas entre músicas pop e rock. Aqueles que ouviam música tiveram um rendimento 15% superior aos que corriam sem música”.

Por que falar sobre isso? O serviço Blogspot tem um recurso muito bacana de estatísticas, que permite ao dono do blog saber quais são os posts mais visitados. Quando fiz isso no meu blog percebi que o post Setlist de músicas para correr era bem visitado. Então, para vocês que como eu adoram correr ouvindo música (e só a sua, não aquela que toca na academia e desestimula qualquer ser com um pouco mais de bom gosto), aí vão dois setlists caprichadinhos, um Eletrônico e outro Pop/Rock.

Música Eletrônica

Lover – PNAU

Replay – Eletric Youth

I Wanna Be Your Love – NASA

Ao Oui Comme Ça – Chromeo

Needy Girl – Chromeo

Me & My Man – Chromeo

Imma Be – Black Eyed Peas

Out Of My Head - Black Eyed Peas

Rock That Body - Black Eyed Peas

Rollerskate – Matias Aguayo

Ritmo Juarez – Matias Aguayo

None Of Dem – Robyn

Something Like This – Scissor Sisters

Whachadoin? – NASA

Rock/Pop

Locked Inside - Janelle Monáe

Tightrope – Janelle Monáe

All Down The Line – Rolling Stones

Black Tongue – Yeah Yeah Yeahs

Tight Fit – New Young Pony Club

Harder and Harder -The Zutons

Don Gon Do It – The Rapture

1901 – Phoenix

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Na dúvida, opte pelo romance. O literário.

Devido a algumas coincidências faz-se necessária a minha retratação sobre a presença do romance em meu último fim de semana. Antes de mais nada, deixo claro que não há referência aqui sobre algum relacionamento que eu esteja vivendo ou coisa assim. Falo do romance literatura, este que encontramos em uma seção em livraria ou biblioteca.

Momento melhor não haveria para ler sobre o romance. Um sábado, dia de descanso, chuvoso, com um dia frio convidativo e caseiro. Ao passar os olhos sobre minha micro coleção de livros, avistei um exemplar de A Arte do Romance, de Milan Kundera, autor mais reconhecido por A Insustentável Leveza do Ser. Ainda que despretensioso, trata-se de um livro sobre teoria literária, um estilo de literatura tão interessante quanto alguns livros em si analisados.

Diferente do que a gente pensa, romance não é feito só na base do amor. Kundera define o romance como um veículo que alimenta nossa vontade inerente de julgar antes de compreender, mas em partes, pois o romance só vem a colaborar com as incertezas. Um caso muito fácil de compreender essa afirmação – Dom Casmurro, de Machado de Assis. Nessa ótica, trata-se de um ótimo romance, acredito, porque deixa uma grande dúvida no ar: a traição de Capitu foi realmente consumada?

Assim, Kundera cita com freqüência um personagem de Franz Kafka, K., e Anna Karenin, de Leo Tolstoi – ambos serão julgados pelos leitores por suas personalidades e ações interrogativas, duvidosas, complicadas.

Não sou formada em Letras ou Estudos Literários para julgar aqui a complexidade do romance, mas sim para contar as minhas coincidências com ele, certo?

Bem, as ideias de Kundera já estavam me absorvendo, quando percebi que em quase todas explicações dele havia uma menção sobre K., o personagem de O Castelo. Sincronicidade ou não, O Castelo foi o último livro que peguei “emprestado” de meu pai, e trouxe para minha coleção.

Aquela capa não me convencia a lê-lo (ah, as aparências sempre nos enganando). Precisou o Kundera me dizer – É um clássico, pode ler.

E comecei a ler. E simplesmente não parei. A forma como o texto é escrito, sem um início de tempo nem um lugar preciso, sem descrições de como é ou está K., envolve o leitor. Queremos saber até onde vai esse “agrimensor” que parece, em sua própria defesa, estar ali para fazer um serviço, quando o ambiente todo em volta dele duvida disso. O mais genial é que K. não nos dará respostas exatas...

Por alguns momentos pensei: esse cara está delirando, sonhando alguma coisa. Em outras, uau... parece que ele está no lugar certo, para descobrir algo maior. Uma viagem ótima, garanto.

Enfim, não terminei de ler o romance de Kafka, mas em breve isso ocorrerá. E o domingo passou, a segunda chegou. Saí e cheguei em casa por volta de 12h, para almoçar. Liguei a tevê e o que estava no ar? O desenho dos Simpsons. Ok, almoçar vendo isso é até divertido... Agora vem o mais engraçado: adivinhem o tema do desenho? Romance.

Eu ri so-zi-nha. Na animação, Marge questiona Homer: “será que o romance deixou as nossas vidas? Homer, Bart e Lisa, e claro, Marge, dão seus relatos sobre histórias de romance que viveram, só que o mais engraçado é que em todas as situações, os romances deram muito errado. Que será que isso quer dizer, hein?!

Esse é o ponto de vista mais popular do romance, a relação amorosa. Mesmo assim, é possível dizer que histórias de relacionamento danadas, daquelas mais sofridas, são as que mais marcam as pessoas. Logo, o romance é por si só algo complexo e as vezes leva a gente pro bueiro...

Mas na literatura, os ótimos romances não são necessariamente só sobre amor. Eles são mais inquietos, misteriosos, porsupuesto muito mais interessantes.

Fica uma frase boa do Kundera sobre o romance: “Agrada-me pensar que a arte do romance veio ao mundo como o eco do riso de Deus”. Não deixa de ser uma verdade...


Adendo em 07/10/2010 - "Uma humanidade sem romances, não contaminada pela literatura, se pareceria com uma comunidade de tartamudos e afásicos, atormentada por problemas terríveis de comunicação causados por uma linguagem ordinária e rudimentar". Mário Vargas Llosa, Nobel da Literatura 2010.


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