domingo, 20 de março de 2011

Social Virtual Life: Por que tanto barulho se não faz sentido?

Faltava um tema que me colocasse de novo em frente ao notebook e me fizesse escrever sobre ele. Num papo com minha amiga incomparável Grace surgiu um tema: a nossa 3ª vida, a vida social online. Sob o ponto de vista de Grace, esta é uma forma moderna de se perder um pouco de tempo, e ela tem certa razão nisso. Pense: além da sua vida pessoal, você tem a profissional, que exige de você, em média, 40 horas semanais, restando 128 horas na sua semana. Retire desse tempo as horas gastas para dormir: 50 horas, para alguém não tão dorminhoco nem que sofra de insônia. As 78 horas que restam vão se dispersar entre trajetos diários, algum esporte, higiene pessoal, compras, um pouco de cultura e pronto.

Pronto não para todo mundo. Dessas poucas horas que nos restam semanalmente, vamos gastar um pouco delas (às vezes 50%) na internet, desdobrada em redes sociais e canais de comunicação online. Em alguns casos, a vida social online é quase que um peso da opção de vida que se tem, seja por trabalho ou pela distância das pessoas com quem você gosta de conviver. Mas isso não se aplica a maioria.

Arrisco dizer que o tempo consumido nas redes é a forma mais prática de reafirmar quem você é perante a sociedade. Não estando na balada ou no cinema, eu posso dizer o que gosto de ouvir e ver no meu Facebook, sem precisar necessariamente estar ao lado de quem está sendo informado sobre meus gostos. É um estar sem presença. E se eu estou presente, isso não é encarado como uma perda de tempo.

Mas quem se contenta em estar apenas presente na internet? Assim como a interatividade dos sites, a figura presente na mídia social precisa interagir com seus seguidores. Ninguém gosta de um site estático, parado. Cansa e desanima. Postar filmes, músicas, opiniões, curtir e retuittar, baixar, uploudar, colar e recortar, gerar discussões, expor suas opiniões. Quem entra numa rede social só para “ficar acompanhando o movimento” é como uma planta numa sala. Quanto mais você interagir e oferecer diversão aos seus colegas online, mais popular você será. E no fim tudo se convergiu em estar em evidência.

Há essa dinâmica no seu perfil online, não é? É aí que entra o perder tempo. Para ser interativo e oferecer graça na sua página, você vai ter que dedicar um tempinho para procurar temas interessantes (e não só para você, sempre tente pensar como um todo, ok?). Acrescente aí o timing que combina muito bem com a agilidade da internet. Quase sempre se pede desculpa quando o assunto comentado já passou há alguns dias, às vezes horas. Pode reparar.

Percebe que o sempre conectado usuário acaba virando refém de uma angústia da informação?! Para ser alguém na terceira via, eu preciso de tempo – e um pouco de conteúdo- como nas outras demais vidas (social e profissional). Contraditoriamente, mais tempo online é menos tempo na vida real. E tudo bem! Eu conheço pessoas que preferem o meio virtual porque ele tem recursos que te permite apagar quem não é desejável. É só bloquear o bate papo ou não seguir o beltrano (a).

Com essa exigência de estar online e presente na maior parte do tempo, surge o besteirol virtual. Para grande parte dos logados, o que se reflete nas redes sociais é apenas a extensão, mais discutida e elaborada, do que se é nas vidas mais costumeiras. Só que sempre esse meu raciocínio é questionado quando vejo alguns comportamentos mais exagerados (e que mostram o dilema que obriga os logados a serem atraentes nas redes sociais).

Sempre postar coisas legais e fotos lindas é um saco e uma grande mentira. Ninguém é sempre 100% bem arrumado, muito inteligente ou viajado. Os perfis online tentam sempre ser melhores do que a verdade e isso é aceitável porque a tecnologia te permite destacar qualidade e esconder defeitos. Num movimento quase que orgânico a personalidade real se descola da virtual. Grandes figuras online são verdadeiras decepções ao vivo.

Talvez quando a minha amiga Grace disse “perda de tempo” ela possa ter se referido a isso. A presença full time online acaba criando uma bolha em volta de cada perfil social do Facebook, Twitter, Orkut e o raio que o parta. Criar uma identidade online perfeita, interativa e atraente custa tempo, ô se custa. E ainda assim, com um perfil lindo, ainda nos sentiremos muito inseguros pessoalmente, face to face. Cadê a coerência? Ela não existe ou simplesmente não é requerida no mundo virtual.

A plataforma social virtual é um gigante e internacional baile de carnaval, onde cada um escolhe sua fantasia para brincar nessa festa que são as redes sociais. Quem tiver mais tempo para isso, consequentemente vai brincar mais. Destacarão-se também as fantasias mais bonitas e carregadas de brilho. Mas essa brincadeira quase sempre será extendida apenas virtualmente.


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