terça-feira, 4 de maio de 2010

O Livro das Vidas - Obituários do New York Times

E aí, pessoas, como vão?! Sobrou um tempinho entre o trabalho e a pós para escrever aqui. Na verdade o que me trouxe foi o genial Livro das Vidas- Obituários do New York Times. Mesmo com um título um pouco fúnebre o livro merece atenção, principalmente dos jornalistas que devem aprender a produzir textos mais criativos. O NY Times tem um seção que atrai muitos leitores, é a de obituários. Ali os jornalistas procuram passar, logo no primeiro parágrafo (nosso amiguinho lead), um resumo de quem deixou a vida e como isso procedeu.

Tem a vida do Calvin Klein dos trajes de astronautas; a incrível história da bióloga que trabalhou sozinha e fez descobertas tão importantes para a biologia que se equiparou a Mendel; a senhorinha que recebia U$S 4 mil por ano e que ao se aposentar passou a investir na bolsa - no fim, sua fortuna estava avaliada em U$S 22 milhões, devidamente doados a uma escola para meninas judias; o processo de perda de um líder de Chinatown; o rapazinho que inspirou os personagens beatnicks do Jack Kerouak; ou o inventor do cheeasecake mais famoso de New York, enfim... são histórias de pessoas que em vida fizeram, de alguma maneira, uma diferença, mas que por conta do excesso de informação acabaram sendo esquecidas.

A leitura é deliciosa, pois além de bem feitos os textos são divididos em contos, então dá para ler sem estresse para acabar. Interessante notar, e isso está nas anotações do querido Matinas Suzuki - responsável pela organização dos textos - as expressões usadas para definir as personalidades, sem que haja um tom ofensivo no texto. Por exemplo, uma pessoa sociável era na verdade um baladeiro! Um homem extremamente confiável para as mulheres: gay. Isso acaba gerando uma espécie de conforto aos familiares, que veem o texto como uma última homenagem.

Terminei o livro em dois dias, isso porque só tenho a noite para ler. Do contrário terminaria em um dia, sem perceber. É uma dica bem legal. Comecei esta semana Hiroshima, de John Hersey, outro clássico do jornalismo literário. Ao terminar este vou seguir o conselho do amigo Pedro Couto (saudade!)e ler Ficções, do Borges. Por sincronicidade, um dos contos deste livro parou em uma aula no Labjor...

Deixo aqui meu agradecimento especial ao Matinas pela atenção que me dedicou e aos livros que me presenteou. Um super abraço ao meu ídolo no jornalismo literário, ao ladinho de João Moreira Salles.

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