quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Ãhn? sertanejo universitário? Tá bom...

A moda do sertanejo universitário tomou a cidade que nasci, Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. Quem viu Goiás como a maternidade de duplas, esqueça. O criadouro agora está em Big Field.

Estive lá há alguns dias atrás e me deparei com uma forte competição entre carros de sons de políticos e carros com propagandas de duplas. Isso está rolando desde que apareceu a febre do tal Luan Santana e Victor e Léo (eu admiro o Luan por um motivo bem óbvio e ele faz sucesso, sozinho, dando à cara a tapa. Os outros dois são bonitinhos, mas de Minas).

A ideia de fazer esse post surgiu de uma conversa com a Suene, que levantou a questão: “Por quê se referem a esse estilo como sertanejo universitário sendo que Campo Grande não é referência em universidade?”. Vou tentar entender, Su.

Numa busca bem simples pela internet eu descobri que a classificação “universitária” existe porque estas novas duplas ou o carinha sozinho deixaram o sertanejo mais moderninho, mas mantiveram as raízes deixadas pelas antigas duplas. A classificação pegou bem e inventaram até um site específico para esse estilo.

Quem não gostava diz que agora gosta, porque a música é boa de dançar; quem já gostava se farta de tanta opção, e quem não gosta de jeito nenhum se ferra. Sim, se ferra pelo menos em Campo Grande. Por mais que os amigos queridos alternativos mostrem todo charme do Bar Fly (com suas bandas de rock e indie), a grande maioria transformou a cidade num grande evento sertanejo.

As baladas eletrônicas se reduziram muito, os bares oferecem covers só de duplas (a pobre MPB do Djavan está até meio esquecida), ou alternam pagode e sertanejo universitário.

Para mim, pessoa que ama música indie, eletrônica e alternativa, é quase um martírio procurar um lugar para ir dançar em Big Field. No fim de semana em que estive lá desisti da balada antes de tentar.

O fato é que talvez isso leve um tempo para passar, porque a fórmula rende muito. Por ser um estado altamente agrícola e pecuário, o Mato Grosso do Sul só tende a valorizar ainda mais esse movimento cultural. Ficam de lado todas as outras vertentes musicais.

Uma pena.

PS - Segundo a minha amiga Silvia, essa onda começou há tempos e alguns sertanejos tem faculdade, ainda que isso não tenha correlação com a denominação do estilo musical.

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20 comentários:

  1. Saudade de Campo Grande?
    (risos)
    Por isso que não saio e faço minha festa em casa. Uma pena mesmo.
    beijos!
    Carlos Adriano

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  2. Esse último comentário (Pena?) é do Le Caminha, que ama esse movimento e me ama tbm. Ele fica em dúvida entre os dois amores.

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  3. pat,
    me lembrei de um detalhe a respeito da biografia da dupla sobre a qual falávamos naquele dia: maria cecília e rodolfo começaram a cantar nas festinhas da faculdade de zootecnia. por isso, fazem "certanejo universitário" embora tenham abandonado a faculdade para se dedicarem integralmente à música! rs. pensa: tem outras categorias profissionais que também valorizam sua hora de trabalho por estarem na universidade, embora sua profissão nada tenha a ver com o fato. universidade anda servindo pra tanta coisa, né?
    beijo,
    suene.

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  4. Um dia eu cheguei a acreditar que a Big Field ia tirar a nhaca sertaneja. O D-Edge acabou e com ele as esperanças disso. Como dira Brando: horror, horror!

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  5. Hélio e Arakaki: decepção, quanta decepção.

    Suene: é bem isso...

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  6. Paty, o sertanejo universitário (ressaltando o "S" do sertanejo e de Suene, rsrsrs) do contrário do que escreveu, não tomou conta da nossa cidade. Hoje é, de fato, um fenômeno nacional de grande proporção e nosso estado faz parte deste contexto com um diferencial marcante: o MS é o mais novo e promissor celeiro de talentos do sertanejo.

    Por um lado, isso é extremamente bacana, pois fortalece e fomenta nossa cultura e mostra nossos artistas a nível nacional, tornando-se um gancho até para outros artistas, de outras vertentes musicais da região, pois está trazendo os olhares do público e dos grandes empresários.

    Já por outro lado, nós campo-grandenses, sul-mato-grossenses e afins, viramos reféns deste sucesso, pois o leque de opções culturais - que já não era lá essas coisas, mas pulsava rumo a um caminho esperançoso e interessante - atualmente (Bar e Chopperia, a loka!), praticamente, se restringiu ao estilo do momento.

    É, realmente não dá pra se escutar rádio em CG, não dá! Não porque amo Indie, música eletrônica ou Djavan, mas porque essa democracia das segmentações quase não existe por lá... Na última vez que fui a CG, acho que tive um pouquinho mais de sorte que você. Ocorreu o show do Lulu Santos no Parque das Nações, no projeto MS Canta Brasil. Caramba, que evento maravilhoso!!! Garanto que iria se orgulhar de ver o nosso parque lindo, iluminado, lotadíssimo e com pessoas civilizadas a fim de curtir música boa e gratuita, MENSALMENTE. Na parte “música boa” não me refiro apenas ao Lulu, mas ao escalão de artistas que têm se apresentado: altíssimo. Aí é ponto!

    Não encare com temor esta fase, é só uma fase mesmo... Assim como o forró universitário, pagode universitário, axé uiversitário, Fiuk universitário... Como todo “novo celeiro”, estamos deslumbrados com tanta visibilidade (Luan, MC e Rodolfo, JB e Vinícius) e querendo conquistar mais. Se não conquistar, beleza, aí o povo investe em outras coisas. Cinema, quem sabe???
    Cabeça a Prêmio, este mês nos cinemas, não perca!!!

    Um beijão pra você, chora me liga!!!

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  7. Eu amo esse Leandro... Tenho saudade dos eventos culturais que presenciei lá, além dos shows e festas. Quem sabe isso volta?! Veremos. Te ligo sim! rsrsrs Beijos!

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  8. Hoje eu escutei rádio e escutei muita música de qualidade. O lance é saber sintonizar. Quem não mora em Campo Grande não tem como saber que tipo de música toca nas rádios, vir uma vez e pegar uma programação sertaneja é comum, mas temos outros programas bons sim. Porém nada se compara as grandes metrópoles, até pela quantidade de habitantes. Sertanejo toca na maioria das rádios, é fato. Não só em Campo Grande, mas em todo Brasil. Realmente sertanejo não é sinônimo de vida acadêmica, mas acreditar que Campo Grande é uma decepção ou uma pena, é melhor ficar em mesmo. Muito legal o texto. Bjs.

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  9. Henrique chato, fala assim porque nem sai em Big Field, AHAHAHAHAHA. Falo mermo!

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  10. e já morei aí por 25 anos. sempre foi essa coisa...

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  11. Não é por conta de morar fora que estou criticando a cultura de Campo Grande. Já tivemos momentos incríveis de shows, muita música de qualidade e baladas dentro do circuito nacional de eventos. O fato é que hoje há um exagero de música sertaneja, coisa que pra quem gosta de rock, alternativo, folk, indie, é um saco.

    A opção de criticar essa restrição de gosto me veio porque me senti um pouco "excluída" da balada, pois não me adequo a esse tipo de estilo.

    Quanto a cidade, acredito que continua ótima, ainda que sem bons salários para profissionais da comunicação, publicidade, cinema e arte (estes morrem de fome). Temos poucas livrarias e um hábito pequeno de ler.

    Penso que um povo se faz com cultura.

    Enfim... Acho que a formação cultural no MS ainda sofre com modismos.

    E isso sim, é uma pena.

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  12. pode voltar, pat. volta, vamos reclamar unidas, hahahaha. os nossos amigos que cresceram em fazenda gostam de sertanejo meio que organicamente e se ofendem com nosso asco. e SIM, a vida aqui é muito fácil pra quem curte sertanejo: tem balada todo dia, tem rádio pra isso, tem show, tem boy, tem até democracia no preço.

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  13. Brigatti com seu coments fez assim em quem defende: tum dum dum pssssssssss.

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  14. huahuaha Pat, voce sabe que eu não sou baladeiro, nem to defendendo a balada, mas você ficou sabendo da boate nova que abriu no antigo garage? Já foi na "hause"? Já foi no Café Mostarda depois da reforma? Nesses restaurantes da Afonso Pena, a maioria toca rock/mpb (repito que eu mesmo não vou na balada, por opção minha, não por falta de opção). Eu mesmo nunva fui em Valley e nem pretendo ir, gosto pouquíssimas músicas sertanejas, você conhece bem meu estilo musical. Eu to defendo a idéia de que nós não somos 100% sertanejo, que temos opções diferentes aqui, e opções boas. Bar da Mada, aquele Chorinho que tem na Vila Alba que é referência em samba raiz, temos o Saral do Zé Geral, o Barbaquá que é legal também, o Twist que é sempre cheio e muito MPB, etc. Meu manifesto fica somente quanto o comentário de que Campo Grande é uma pena ou decepção, mas quanto ao conteúdo do seu texto, além de achar muito interessante, concordo com gênero, número e grau. O Sertenejo Universitário é moda em Campo Grande e está em alta sim, porém temos sim outras vertentes musicais, mas infelizmente não com tantos adeptos. ;) Bjss!

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  15. O que rola é mesmo por aí. Há sim baladas de qualidade, como o Henrique citou, mas a divulgação e locais mais frequentados se restringem mesmo a esses valleys da vida. Eu, que estou na facul, presencio isso, e posso constatar. Mesmo estando no centro de diversidades, há quase um monopólio de cartazes e panfletos da tal "sertanejada", fazendo, assim, a massa em geral frequentar esses lugares. Pois, além de mais divulgados, são mais fáceis de encontrar pessoas. Ou seja, quem sabe, sabe. Quem não sabe, escuta o sertanejo universitário. A minoria, que está aqui comentando esse post, senta-se em um barbaquá da vida e "aprecia" uma boa música, enquanto passam caminhonetes cheias de caubóis desse velho centro-oeste com suas manias...
    Só para constar, "o show do ano" , guilherme e santiago, exaltasamba e num sei quem lima. 'Duelo de gigantes', aahn... tá né?!

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  16. Estava pensando nessa febre do sertanejo outro dia. Aqui mesmo, em ssa, era totalmente marginalizado e agora virou meio tendência... ah, parabéns pelo blog, bem bacana. descobri ao acaso aqui na net.

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  17. Olá, estou chegando agora, também descobri seu blog meio ao acaso, como o Fernando (acima). No caso desse post, gostaria de dizer que me agradou o tom que você usou do início ao fim, moderado e com respeito ao gênero musical em foco. Vale dizer, não que eu o aprecie; longe disso até. Mas, enfim. Li outros textos por cima, rapidamente, também me agradaram. Você também escreve muito bem - falo da correção, o que por si só já é pra mim algo bastante positivo e que me atrai. Parabéns! Beijos!

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  18. patenha, adorei teu blog.. super visu

    eu só sei que esse tal de sertanejo universitario virou uma praga, ate nas universidades.. triste essa molecada hein!
    Mas o que mais me preocupa mesmo é a onda BIO!!!! Nao me venham tirar a gordura do meu bacon por favor!!

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  19. Pois é, Grace! Ontem mesmo li uma extensa e esclarecedora matéria sobre o assunto dos transgênicos na revista Le Diplomatique Brasil, onde uma membro do Idec coloca no texto uma pá de informações sobre as ações da CTNBio, orgão que regulamenta a produção de transgênicos no Brasil. Me surpreendi com as ações do governo pró indústrias químicas como Monsanto, Syngenta e Bayer.

    Essas empresas despejam em nosso país uma soja extremamente poluída, que já está trazendo prejuízos financeiros graves aos agricultores.

    Galera que não come carne que se cuide, pois está sendo drogada sem saber.

    Quanto a onda dos alimentos naturais, atenção: a quantidade de agrotóxicos usados nas frutas, legumes e verduras e assustadora, e mesmo que m mantém uma produção livre de agrotóxico pode ter seus produtos contaminados pela plantação do vizinho. Daí sobram os alimentos orgânicos, que são três vezes mais caros.

    Não temos para onde fugir, a não ser a Europa, que não deixou os transgênicos entrarem lá e hoje consomem alimentos muito mais saudáveis que os nossos.

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