terça-feira, 23 de novembro de 2010

Crítica musical no Brasil: o que lhe falta em talento, sobra na soberba.


They don’t really care about our opinion. Para mim essa frase resume tranquilamente a postura de alguns críticos musicais brasileiros (não posso falar dos estrangeiros, mas os poucos que vejo no pitchfork.com são agradáveis) sobre seus comentários a respeito dos diversos shows que aconteceram este ano no Brasil. A arrogância fica estampada nos textos ou posts de uns e outros aí que recebem uns convites para visitar festivais aqui e no exterior, ou menos ainda, ficam vendo tudo do pay per view deles, em casa.

Já vi crítico dizer que o SWU foi ótimo do sofá da sala dele, outros dizerem que o Planeta Terra nem merecia a saída dele de casa ou que o Paul MacCartney teve um fail ao escorregar do palco. Gente, por favor, procurem ser mais agradáveis porque a gente percebe cada linha de soberba.

Tem uns deles que atacam de DJ ou insistem em indicar bandas que só eles acham um must! Já me peguei caindo em verdadeiras ciladas musicais ao seguir a dica de um aí. No blog dele o cd era incrível e quando fui ouvir... My god, que medo! E aqueles que só acham incrível a banda que repete a mesma fórmula dos anos 80? Ahahaha, tem que rir de um desse.

Acho que os críticos de músicas estão mais presentes na rede 2.0, ou seja, são eles, os próprios consumidores das bandas, que estão fazendo ótimas críticas musicais, até mais imparciais (mesmo que isso seja um pouco mais difícil, porque é a paixão que move o cara a escrever sobre isso). Nada mais justo e acolhedor.

Ainda que essa profissão resista à nova geração dos críticos musicais mais low profile, eu arrisco a dizer que a função crítico musical deixou de ter um peso realmente relevante. Com a quantidade de música para tudo quanto é gosto, fica difícil você massificar uma opinião sobre um disco, um artista.

Neste fim de semana estive na edição 2010 do Planeta Terra. Estavam ali 20 mil pessoas que buscam e conhecem seus artistas pela internet, pesquisando referências as vezes periféricas ou com os amigos mais próximos, que conheceram através de outros amigos e assim por diante. Amigos que fizeram no intercâmbio, que conheceram pelo Facebook, gente que se conhece no reduto indie recheado de baladas pequeninas, mas intensas.

Eu mesma conhecia todas as bandas do line up e nenhuma foi indicada por um site de crítico ou apareceu num programa de rede aberta! Vi muita gente cantando letra de música que nem é veiculada em rádio ou programa de TV. Aliás, essas músicas a gente baixa pela internet, pagando ou sorrateiramente, contudo, pela internet.

Não vou nem entrar aqui no assunto business; estou falando de estar antenado com seu público, algo que os artistas fazem muito melhor do que qualquer um desses.

Deletem todos os críticos musicais dos seus favoritos ou produtores que se acham um must. Ouse opinar você mesmo sobre o que gosta e jogue na rede! Compartilhe mais informações, ouçam coisas novas, revivam os clássicos. A internet nos permite ser livres nesse ponto: em termos nossos gostos musicais independente deles serem desconhecidos ou populares.

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PS: cena indie, obrigada por ser cada vez mais intensa.

3 comentários:

  1. Po, a gente tava no Terra e nem se viu. To sem internet, consigo de vez em quando um hot spot...
    E aí, curtiu os shows? tem um monte de gente falando mal, mas eu achei tudo ótimo (ok, pode ter sido a cerveja)

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  2. então, eu vi muita gente falando BEM. absurdamente acho que te vi, mas fiquei meio assim de ir falar contigo, porque eu tava sozinha e vc com sua mina, podia pegar mal, sei lá. queria muuuito te ver, lu! mesmo!!! mas tudo bem...

    olha, lu, essas críticas aí do povo eu acho tão bobagem que nem considero. o festival estava super organizado, os shows eram praticamente pontuais... não gostou que m não conhecia as bandas, que deve ter sido muita gente, claro.

    quando aparece de novo?!

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  3. Pat, você está certíssima! Mas acho que isso não acontece só com a música, não. Acontece também com os filmes e com a literatura. Existem duas coisas: de um lado, a crítica desrespeitosa e arrogante; de outro, o elogio deslavado a amigos. É isso aí, menina! Vamos buscar o que gostamos e escrever a respeito!

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