quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Jornalismo e internet: como ser flor de lótus no meio da porcariada internética?

Mexeram no meu paradigma de comunicação e jornalismo. E isso me agradou muito.

Há alguns anos atrás, durante a minha formação mesmo, minha atenção comunicacional era voltada quase que inteiramente para o jornalismo impresso, no máximo o televisivo. As aulas abordavam uma realidade quase que velha, mas era o que tinha para a janta.

Lá atrás não se imaginava, creio eu, a junção das mídias, dos próprios profissionais que atuam nesse nicho com agentes noticiadores - pessoas comuns que usam os recursos das mídias sociais (que sempre existiram, mas em plataformas diferentes, que foram se adaptando para se tornarem mais interativas). Ainda se alimentavam sonhos como ótimos salários e uma carreira promissora na TV (porque diabos todo mundo queria ir pra TV?!? Visibilidade, ficar famoso!?).

Na conclusão de curso, a mídia online me seduziu forte. Apostei, com mais duas grandes amigas, na criação de um portal online. Não lembro quem surgiu com ideia, acho que eu e a Lidianne. Depois comentamos com a Laís e, por um meio aqui e outro lá, criamos um site para o público feminino. Me arrependo por não ter levado a ideia a diante, seria um belo portal hoje.

Aí eu me formei e caí direto no jornalismo online, terreno abordado com muita pouca destreza pelos meus dignos professores. E nem havia como criticá-los, porque muitos deles vinham de uma convivência de comunicação muito menos dinâmica e ainda não reconheciam o potencial real da internet.

Numa pequena redação do Midiamax, sob os olhos do regente Daniel Pedra, aprendíamos a fazer jornalismo em tempo real, sem firula no lead, sem as nuances do jornalismo apurado, e despertador de uma criatividade para manchetes sem precedentes.

O online em Campo Grande, assim como no mundo, passou a pautar os grandes jornais...

A internet ganhou um papel extremamente importante na comunicação, impossível de ser ignorada no jornalismo.

E o que eu vejo hoje, no jornalismo que vivenciamos:

*o jornalista não é mais dono da reportagem, feita e investigada por ele; em boa parte das notícias, a fonte são blogs, twitters, facebooks, que passam a notícia de maneira tão ágil que não há como competir (quem manda a “pauta” está, de fato, no lugar onde o fato acontece);

*o receptor das informações não é mais o passivão dos anos 90, 80 e daí pra trás. Agora ele opina mais, gera conteúdo, protesta (e a sua empresa precisa de um espaço para ele se manifestar). O receptor hoje causa;

*o mercado da assessoria de imprensa quer em um só cara, um profissional que seja jornalista, publicitário e relações públicas. Além de assessorar a empresa, o jornalista precisa produzir conteúdo, interagir com o receptor, criar novas formas de aproximação entre o assessorado e o público, vender a informação, e vender bem;

*quem diria, mas o jornalista de internet, aquele serzinho que ninguém dava muita bola, virou um cara importante e que sabe, como poucos, o que realmente o leitor quer – notícia objetiva, um pouco curta, em cima da hora, ao mesmo tempo atraente e apurada; Aliás, ele está inserido no meio que retém muuito a atenção do leitor.

* por incrível que pareça, mesmo com tanta gente falando abobrinha na internet, os melhores sempre se sobressaem.

*a internet oferece recursos que medem acessos, ou seja, é fácil saber do que o público gosta. Nem preciso dizer que os jornais espertos se atentam a isso e elaboram todo seu conteúdo com base nesses dados. Surprise? Not.

Durante as palestras do MediaOn, evento ótimo transmitido inteiramente online, algo ficou muito visível – torna-se primordial saber que a qualidade vai superar sempre a quantidade. Lidar com a gigantesca gama de opções e disputar a atenção do receptor dá um trabalho imenso, no entanto é recompensador. A qualidade da informação passa a ser moeda valorizada. É nesse lixo todo que a flor de lótus jornalística vai se ressaltar.

Acho que o grande desafio já não é mais se adaptar a internet, como foi há dez anos atrás. A adrenalina do jornalismo e da comunicação é interagir com o receptor, uma figura antenada, que se torna cada vez mais crítica, até ácida as vezes. Só assim para saber o que ele quer ver! Cada vez mais a redação do jornal vai se aproximar do seu consumidor e isso implica na utilização das mídias sociais, ótimas para essa aproximação.

Qualidade, interação, convergência de mídias, compartilhamento de informações. E pensar que esses elementos fazem parte da nova cartilha jornalística. A gratuidade também conta pontos...

É, jornalistas, baixem a bola... Não somos mais os únicos a passarem notícias ou reter informações bombásticas. Nem nosso diploma vale mais...

Mas podemos fazer um jornalismo mais inteligente, apurado, criativo, e claro, interessante. Basta que a gente não ignore o “ao redor” (leia-se público).

.

3 comentários:

  1. Ótimo texto Patrícia. Parabéns! Um beijo,

    ResponderExcluir
  2. Róads!!! que bom que curtiu! isso rende um papo bom, né, não?! vc super vive essa realidade!
    bejooo

    ResponderExcluir
  3. Adorei esse texto Pat.
    Apesar de não saber porra nenhuma de jornalismo kkkkkkkkkk

    ResponderExcluir