quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Sobre perfumes e cheiros.

Eu tenho uma memória olfativa que funciona melhor do que a memória comum. Fato. Guardo na mente uma enciclopédia de cheiros que vivenciei. Na infância me recordo dos cheiros da boneca que brincava (mas essa é fácil, porque as bonecas cheiravam tutti-fruti), do cheiro de maracujá doce que o vozinho Jango trazia e do shampoo de melão. Lembro do perfume do padrinho Waldir, que até hoje faz com que eu e minha irmã tenhamos saudades dele.

Lembro do cheiro de plástico gasto das rodinhas dos patins, de uma tarde inteira sendo esmerilhado no asfalto. E também do cheiro do mertiolate nos machucados. Que dor! E o cheiro da chuva, que nunca saiu da memória. Percebe que esse cheiro de terra molhada antecede os pingos que chegam na gente? Cheiro de piscina e de Sundown!!! E tem também o perfume das flores das árvores em frente de casa. – Essa é a Magnólia, filha. Como poderia esquecer do cheiro dos bolinhos com goiabada! Chamava-os de flor do campo. Deliciosos!

O plástico era um cheiro bem presente na infância por conta dos brinquedos. O cheiro do quarto era de amaciante de roupas com aqueles remédios para pernilongo, um cheiro leve de queimado. Nossa, lembrei do dia em que coloquei fogo dentro do armário. Cheiro de fumaça pela casa inteira. Já na adolescência chegaram os perfumes. Um deles, aquele básico Ops, rosinha, é a cara dessa minha fase. Dia desses fui no Boticário e senti essa fragrância. Lembrei de tantos momentos bons: a primeira festa, o primeiro namoradinho, as fofoquinhas em cima da árvore, o retorno da escola com a turma.

Depois os cheiros de perfumes foram ficando mais chiques, conforme o que meus salários iam permitindo e os cheiros inesquecíveis passaram a ser das cidades que conheci. As cidades praianas com a maresia e os cheiros de mariscos (não curto). Os cheiros de sorvetes e pratos lindos nos restaurantes. O perfume inesquecível que sentia quando andava nas ruas de Londres (fiquei num apartamento bem próximo de uma perfumaria). Se sinto esse cheiro na rua, logo me lembro dos dias lá. O cheiro de chocolate quente daquele café charmosíssimo de Amsterdan. O cheiro do mato na fazenda do Le Caminha ou da padaria do pai do Henrique.

Não poderia esquecer dos pratos feitos pela mãezinha e paizinho. E algumas pessoas ficam marcadas em mim por conta dos seus perfumes. Dias desses encontrei um condicionar com o mesmo perfume que minha amiga Tarsilla usa. Também sinto a fragrância do Issey Miyake há milhas de distância, culpa do Leandro e do Juliano. E nunca vou esquecer o cheiro do incenso Nag Champa, o melhor do mundo.

Há muitos outros perfumes e cheiros que me remetem a milhares de lembranças, em sua maioria muito prazerosas. A saber: ontem comprei um body splash delicioso. Gabriel, culpa sua!

Um comentário:

  1. Nostalgia =]
    Quase todos os lugares em que já morei (e olha que já foram muitos lol) eu tenho um cheiro na memória, desde cheiro de roupa nova até produto de limpeza hehe

    By the way, adoro seu blog ^^'

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