quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Schopenhauer me orienta...

Alguns consideram Schopenhauer um filósofo negativista, com uma tendência a acreditar num mundo fadado a derrotas e decepções. Até mesmo Nietszche, que foi influenciado no ínicio pelo primeiro autor, rendeu suas críticas mais ferrenhas a filosofia que lhe inspirou. Schopenhauer é alemão e foi no século XIX que seus trabalhos passaram a ser conhecidos e capitulados como parte da corrente irracionalista.

Ao ler A Arte da Sabedoria, um daqueles livros que devemos ler ano a ano, a palavras deste autor me remeteram a filosofia budista. Ao buscar mais informações sobre sua obra, vi que o Budismo e o pensamento indiano foram parte constituinte da formação literária deste. Basicamente, A Arte... é dividida em sub-capítulos que se complementam, mas o que me chamou a atenção e que recomendo é a sessão de aforismos sobre temas que vão desde a amizade, trabalho, vida afetiva, filhos e comportamento social.

Schopenhauer nos mostra uma visão realista destas relações e estimula em cada conselho que o leitor tome consciência de si e de que sua vida transcorre em um mundo nada perfeito, com decepções e alegrias ocorrendo ao mesmo tempo e agora. Propus-me seguir as recomendações deste velho sábio e confesso que meu alívio foi imediato.

Livrar-se da culpa pelos erros e tropeços que temos na vida é bingo. Muitos alcançam este estado apenas na velhice, no auge dos 60 anos, quando nada mais é tão valioso e o que importa é somente então sobreviver a cada dia. Saber que nada será eterno é um ótimo começo para aceitar que as perdas vão ocorrer, mesmo que você faça tudo certo. É como a morte, por exemplo, que nos toma as pessoas queridas sem nos comunicar, impedindo uma despedida.

Outro conselho valioso deste autor diz respeito ao comportamento em sociedade. Tais recomendações como manter a polidez e não estimar em excesso qualquer ser humano que seja são, para mim, mais valiosos do que os mandamentos bíblicos. Sim, posso estar cometendo heresia, tamanha arrogância possa aparentar, mas se você pensou desta maneira, sinta-se ainda contaminado por um mundo representativo demais para a realidade.

Discordo das ideias sobre as mulheres, pois foram tecidas no século XIX, época em que nós éramos vistas apenas como damas de companhia e provedoras da vida. Isto não ocorre mais, portanto, meu amigo Schopenhauer, me vejo como um dos seus ouvintes, os sábios que lhe estimaram respeito nas universidades.

Falar sobre este autor requer mais posts. Com o tempo irei comentando sobre o que aprendo diariamente com ele.

P.S.: A Arte da Sabedoria, da Martins Fontes.

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